Quarta-feira, 21 de Novembro de 2007
A ideia é simples.
Em Setembro de 2008, eu e o Zé Diogo voamos para o Quénia, levando connosco as bicicletas, todo o equipamento de montanha e o equipamento necessário para instalação e monitorização do poste.
Da entrada do parque natural até à base do Kilimanjaro é obrigatório irmos em jipes próprios do parque, mas a partir daí sentamos no selim e aqui vai disto, montanha acima.
O poste será transportado por nós, desmontado, até ao glaciar Furtwangler. Aí faremos a perfuração necessária e instalação do poste.
Nesse momento a missão está concluída com êxito.
A escalada ao cume é uma opção.
A monitorização do poste deverá ser realizada regularmente (com uma periodicidade trimestral) e convenientemente divulgada. A forma de monitorização não está ainda definida e dependerá das autoridades do parque natural.

Este blog tem apenas um papel de acompanhamento cronológico do projecto.
Á medida que o Ice Care for ganhando corpo, irão sendo criados outros suportes informativos.

Naturalmente, o projecto Ice Care está dependente de um conjunto de “thumbs up”:
. obter a autorização do parque natural para perfurações nos glaciares;
. assegurar a cobertura mediática adequada;
. garantir os patrocínios necessários;
. estabelecer rotinas de monitorização do poste, com os guias do parque.


publicado por José Maria Abecasis Soares às 04:49 | link do post | comentar

Fevereiro 1993












Fevereiro 2000












The top of the mountain has seen a retreat of the most recent covering of glaciers. In 2002, a study led by Ohio State University ice core paleoclimatologist Lonnie Thompson predicted that ice on top of Africa’s tallest peak would be gone between 2015 and 2020.


publicado por José Maria Abecasis Soares às 03:27 | link do post | comentar


Estava no meu quarto de hotel, no Savoy Boutique em Tallinn, tinha chegado à Estónia há 2 dias, em trabalho. Às 5 da tarde era noite e estavam 4º negativos lá fora. Tinha 2 horas até ao jantar e decidi agarrar-me ao projecto Ice Care (que na altura não tinha ainda nome).
Criei um ppt a que chamei Kilimanjaro e abri um ficheiro a que chamei Sports for a Cause.
Comecei a preparar toda a argumentação para os nossos apoiantes – fossem quem fossem.
Preparei tudo em inglês. Alimento uma remota esperança que a iniciativa possa atingir uma escala internacional. Gosto de trabalhar no mais frio realismo...mas ocasionalmente deixo-me deambular por sonhos de megalomania – acho que não tem mal nenhum.

Só nessa altura é que comecei a inteirar-me realmente daquilo que se passa no Kilimanjaro.

A primeira coisa que descobri foi a razão do apelido ‘eternas’ – o facto é que as neves do Kilimanjaro existem há mais de 12.000 anos.

Lonnie Thompson, professor de ciências geológicas na universidade de Ohio, tem realizado várias expedições ao cume, para avaliar a extensão do fenómeno.
Nas suas palavras, a expedição de 2002 foi como “...visiting a sick friend in failing health.”

Segundo as previsões resultantes da última expedição, os glaciares terão desaparecido integralmente entre 2015 e 2020, vítimas, pelo menos em parte, do aquecimento global.

Aparentemente a questão é mais complexa do que eu pensava à partida.
O professor Thompson coloca a questão: “What will happen to the water supply for these people when the glaciers disappear?”
Este não é um caso de extinção de uma espécie qualquer de animais, mas de um ecossistema vivo e das reservas de água de várias populações locais, que não terão outro remédio senão abandonar as suas casas, na altura em que o último glaciar desaparecer.

O mundo irá começar a assistir ao nascimento de um novo tipo de refugiados?
Entraremos na era dos eco-refugiados?

Os timings são alarmantes. Temos menos de 7 anos para inverter ou pelo menos atenuar esta catástrofe ecológica.
Isso passa pela alteração imediata, efectiva e permanente de comportamentos.
Tal como nas campanhas de prevenção do HIV, deveriam ser divulgados comportamentos de risco ecológico.

No final do trabalho enviei o primeiro draft do ppt ao Zé Diogo que gostou muito....eu nem tanto – acho que está ainda fraco.

Saí para jantar. Em Tallinn tudo é perto, mas mesmo a curta distância deu para enregelar os dedos das mãos, nariz e orelhas. Pensei na subida do Kilimanjaro, pensei no frio junto aos glaciares – contrai os músculos e adoptei a atitude, sempre falível, de que o frio é psicológico – senti-me melhor durante alguns segundos...

No jantar dessa noite, discuti com os meus colaboradores locais, a percepção que tinham sobre o fenómeno de aquecimento global.
Para mim estava um frio de rachar, mas para eles as alterações eram evidentes.
Mas mais uma vez eram sensações, não mais do que isso, que caiam no vazio entre a percepção empírica dos dias mais quentes e a vaguíssima referência de gráficos científicos.
Lembro-me de pensar que seria interessante se cada país pudesse identificar as suas próprias neves do Kilimanjaro, se a população de cada país pudesse observar os efeitos do aquecimento em ícones locais. Muito poucos podem, na realidade fazê-lo.
O objectivo do projecto Ice Care, é identificar 5 pontos do globo, onde o aquecimento global seja visível a olho nu, palpável e instalar barómetros simples. É urgente chamar a atenção da comunidade não-científica – isso só é possível utilizando instrumentos de medição não-científicos.


publicado por José Maria Abecasis Soares às 03:13 | link do post | comentar

Sábado, 17 de Novembro de 2007

De carro a caminho do escritório, num dia solarengo de Outubro, guio de t-shirt e janelas abertas. Ligo ao Zé Diogo. Pergunto-lhe pela subida do Kilimanjaro em 1998. Ele fez a viagem nessa época...eu não...não tinha dinheiro. Tento convencê-lo a irmos de novo. Em 1996 tínhamos subido o Toubkal de bicicleta. Foi um percurso iniciático de 2 semanas...sem mudas de roupa e sem banho.

Ele tem um projecto diferente. Quer atravessar o Atlântico num barco a remos – admirável – mas eu estou mais interessado no Kilimanjaro e insisto. Ele diz-me que para ir, seria em breve, porque as “neves eternas” têm os dias contados.
Como assim? Pergunto.
Aquecimento global e tal – o conceito não me é estranho, mas o que é facto é que mais do que a experiência diária deste verão fora de época, nunca tinha ‘presenciado’ assim, de forma tão acessível, tão palpável o fenómeno do aquecimento global.
Tinha visto recentemente o filme “Uma Verdade Inconveniente” em que Al Gore apresentava gráficos inquietantes, mas confesso que alterei pouco ou nada os meus comportamentos depois do filme.
Nesse momento senti que, da mesma forma que para mim a extinção das neves do Kilimanjaro tinham um efeito de choque, também outras pessoas, pouco sensíveis aos gráficos, poderiam despertar para o problema caso fossem colocadas perante um facto tão visível.

Não creio que este raciocínio tivesse surgido durante o meu telefonema com o Zé Diogo, até porque lhe voltei a ligar, uns minutos depois com a ideia. Pensei que as neves do Kilimanjaro são uma imagem suficientemente forte, suficientemente próxima, para despertar a consciência de outros seres humanos como eu, que até agora, pouco ou nada fizeram para alterar os seus comportamentos, em função do aquecimento global.

São as imagens fortes que movem consciências, não são os monocromáticos gráficos.


À semelhança da imagem dos ursos polares presos uma plataforma de gelo a derreter, penso que a extinção das neves eternas podem também ser uma imagem impactante para todos.
A imagem dos ursos é controversa. Alguns jornalistas argumentam que não reflecte os efeitos do aquecimento global – o facto é que, verdadeira ou não, se tornou um ícone do problema e gerou o impacto desejável.

As neves do Kilimanjaro, trazidas pelo Hemingway ou pelo Discovery Channel, fazem parte da bagagem cultural de qualquer pessoa. E é por isso que são uma imagem tão forte!
São reconhecidas e familiares a todos, mas poucos devem saber que em 2015 deixarão de existir.
Mas não é com gráficos que conquistamos as consciências – é com comunicação e com imagens que qualquer pessoa pode testemunhar e compreender.

Foi com este conceito em mente que voltei a falar com o Zé Diogo.
- “E se espetássemos um poste, na neve, no Kilimanjaro. Um poste com umas marcas, para que as pessoas conseguissem testemunhar, ao vivo e a cores, o desaparecimento da neve?”
A ideia colheu!
Ficámos entusiasmados. Começámos a discutir pormenores ao telefone (era cedo para isso ainda, mas deixámo-nos levar pelo entusiasmo), sobre que tipo de material utilizar para o poste – algo que aguentasse as adversidades climatéricas, mas que fosse suficientemente leve, para o carregarmos, literalmente às costas, para o cume.
O Zé Diogo dá aulas de ski em várias estâncias, principalmente em Espanha –ele sabe que tipo de materiais resistem ao frio e ao vento.
Pensámos em várias alternativas – alumínio, PVC – ainda não chegámos a versão final.

A ideia de subirmos a montanha de bicicleta surgiu mais tarde.


publicado por José Maria Abecasis Soares às 12:52 | link do post | comentar


Em Fevereiro de 2006, Charlie, Ray e Kevin tornaram-se os primeiros seres humanos a atravessar África, costa-a-costa, através do deserto do Sahara...a correr.
Durante 111 dias, percorreram 6,920 quilómetros, atravessando de 6 países: Senegal, Mauritania, Mali, Niger, Libya e Egipto.

Mais do que uma iniciativa pioneira, inédita e heróica, esta travessia foi também uma campanha de sensibilização para a falta de água em África, apoiada pela fundação H2O Africa.

Os ecos que me chegaram desta expedição, despertaram em mim a vontade de começar a realizar projectos de algo a que chamei, à falta de melhor expressão – desporto de intervenção.

Na época, não tinha a menor ideia de como associar as duas coisas, em primeiro lugar porque não sabia que iniciativas desportivas desenvolver e em segundo lugar porque não sabia que ‘causas’ abraçar.

Sabia que, mais cedo ou mais tarde, se me apegasse ao conceito, alguma ideia me surgiria.


publicado por José Maria Abecasis Soares às 12:44 | link do post | comentar

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