Quinta-feira, 29 de Maio de 2008
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5205872384165261394" />Desde que começou o projecto Ice Care tenho feito pesquisa sobre o tema.
Há alguns dias cheguei a um dos mais interessantes PDFs que encontrei até ao momento.
O documento chama-se “Case Studies on Climate Change and World Heritage” e é produzido pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization em conjunto com a World Heritage Convention.
Este trabalho aborda o impacto do aquecimento global no património mundial e está dividido em 5 dimensões:
. Glaciares
. Biodiversidade Marinha
. Biodiversidade Terrestre
. Locais Arqueológicos
. Cidades Históricas
A minha primeira preocupação foi concentrar-me na parte dos glaciares.
O relatório destaca 5 glaciares em risco:
. Sagarmatha National Park (Nepal)
. Huascarán National Park (Peru)
. Ilulissat Icefjord (Denmark)
. Kilimanjaro National Park (United Republic of Tanzania)
. Jungfrau-Aletsch-Bietschhorn (Switzerland)
Naturalmente, fiquei satisfeito por compreender que estamos no caminho certo!
Os restantes 4 poderão muito bem ser os nossos próximos destinos, os próximos projectos Ice Care depois do Kilimanjaro.
Terça-feira, 20 de Maio de 2008
Hoje tomei o pequeno almoço com a Nicky (aka Ana Sutcliffe) a nossa geek de serviço, como ela se auto-intitula. A verdade é que, geek ou não, é ela que tem preparado a componente científica do Ice Care. É ela que lá vai descobrindo as soluções para cada nova maluqueira que me passa pela cabeça. Hoje atirei-lhe mais uma.
A ideia do poste estava a começar a fazer-me comichão. O projecto estava cada vez mais redondinho, mas o poste ainda era uma aresta por limar. Subir 5,895 metros com um poste às costas, convenhamos que não apetece. Além disso precisávamos de autorização do parque natural para perfurar o glaciar. Finalmente monitorar um poste, a cada 6 meses, à distância, não parecia tarefa fácil – teriamos que contratar guias de montanha para subir e tirar fotografias regulares.
Surgiu-me uma nova ideia que me parece muito mais lógica. Em vez de um poste, vamos estender uma faixa simbólica à volta de um dos glaciares (ou pelo menos de uma parte). Mais fácil de transportar e não precisa de autorização do parque, porque não destroi e não é permanente.
A faixa será retirada no regresso, mas o seu significado permanecerá, desenhado sobre uma imagem de satélite, formando o perímetro do glaciar.
Com este método muito simples, as pessoas em casa, poderão ter uma ideia muito mais clara, do retrocesso do glaciar, por comparação com o perímetro inicial.
Só temos que contratar um serviço de imagens de satélite...e aqui entra a imprescindível ajuda da Nicky e do seu dispendioso Masters Project focused on the use of Satellite images for climate studies, with special emphasis on studies of impacts of climate change, pela Universidade de Southampton.
O Zé Diogo, outra peça fundamental deste puzzle de competências, teria vindo também fazer companhia se não estivesse neste momento no Alasca a escalar o McKinley. De nós os 3, tenho que admitir que eu sou o mais dispensável! Eu sou uma espécie de energia criativa que subjas a tudo, que está na base de tudo, mas que não tem nenhuma função específica na engrenagem final.
Quinta-feira, 15 de Maio de 2008
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5202496392686968338" />O último texto deste blog é de Janeiro. Não tenho actualizado o blog, não porque não tenha material, mas porque não tenho parado.
Por insólito que possa parecer, em Fevereiro e Março, visitei 11 cidades (Londres, Zurich, Geneve, Bern, Zagreb, Dubai, Atenas, Maputo, Madrid, Las Vegas e Nova York) em 4 continentes diferentes. Nas passagens por Portugal, sentia-me como uma baleia que vem à superficie respirar por breves instantes, para submergir de novo. A metafora não desculpa a falta de civismo ecológico das minhas horas de voo – isso é outro problema que tenho que resolver a breve prazo.
Apesar da vida de caixeiro-viajante que tenho levado, consegui ir mantendo alguns contactos, trocando opiniões, tendo ideias. Uma das ideias que tive, entre Londres e Zurich, foi a de criar uma lista de empresas que se comprometessem com o ambiente, assinando uma espécie de carta de intenções Ice Care. Neste documento as empresas deveriam comprometer-se a reduzir as suas emissões de carbono, durante os próximos anos. As reduções de todas as empresas associadas, poderiam em teoria, atrasar desaparecimento dos glaciares. Ainda que quase insignificante, alguns minutos na melhor das hipoteses, seria uma conquista, um estandarte, um pequeno embrião de mudança! A correlação dos dois factores não é linear, nem há uma relação de causalidade directa entre o comportamento de uma vintena de empresas portuguesas, com os glaciares do Kilimanjaro... mas, mais uma vez, é uma imagem com impacto. Se umas dezenas de pequenas empresas estiverem dispostas a fazer um grande esforço para manter as neves por mais 2 minutos que seja, talvez várias centenas de pessoas lhes quisessem seguir o exemplo e talvez estas falem a outras e assim, talvez, em teoria, se consiga perpetuar os glaciares para que o meu filho Manuel (que quando for grande quer fazer “xecalada comó Pai”), possa em 2030 subir o Kilimanjaro e ver os glaciares.