Segunda-feira, 29 de Dezembro de 2008
A selecção dos 5 glaciares para o projecto ICE CARE, foi feita com base num relatório da UNESCO, chamado: “Case Studies on Climate Change and World Heritage”.
Este relatório identifica 5 glaciares que estão a ser dramaticamente afectados pelas alterações climáticas. São esses que iremos escalar, até 2012, no âmbito do projecto ICE CARE.
O relatório da UNESCO foi coordenado por Augustin Colette, na época consultor da UNESCO para as alterações climáticas. Em recente conversa (por e-mail), mandou-me um entusiasta: “…congratulations for this exciting project!”
O ICE CARE, por ser um projecto absolutamente pro bono, dá-me assim uma aura que oscila entre o estado de divindade e o de louco perigoso! Talvez por isso, as pessoas tenham paciência para me dar alguma atenção.
Movido por esta confirmação de interesse público do projecto ICE CARE, iniciarei em breve, contactos com a UNESCO, para estabelecer algum tipo de protocolo de colaboração.
O carimbo da UNESCO dá-me confiança de que escolhemos os glaciares certos…infelizmente, pelo que percebi, estes 5 foram escolhidos com base na quantidade de dados disponíveis, que correlacionam o desaparecimento dos glaciares com as alterações climáticas…há vários outros glaciares em risco.
Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2008
Tal como em outras cidades europeias, já existem em Sevilla (cheguei de lá ontem), bicicletas disponíveis como meio de transporte.
O sistema, para quem não conhece, é muito simples – há uma espécie de parques self-service, espalhados pela cidade. O pagamento é feito por multibanco num terminal, (com um interface muito fraquinho, diga-se de passagem) e tudo é controlado electronicamente. Na verdade, nem percebi se as bicicletas são pagas ou se o modelo de negócio está baseado em publicidade (o projecto é da JC Decaux :
http://www.jcdecaux.co.uk/development/cycles/).
Uma das ideias principais do serviço é libertar a cidade de carros e incutir o hábito de pedalar.
Lisboa deveria adoptar um sistema deste tipo! Da Expo ao Guincho é quase tudo plano! Não é preciso aventurarmo-nos pelas 7 colinas acima e abaixo, isso é para loucos…como eu…
Lembro-me de fazer Avenida da República – Santa Apolónia de bicicleta muitas vezes, para ir para a universidade! A ida era fácil – sempre a descer – mas o regresso era mais complicado…o Marquês de Pombal então, nem vos conto!
Não entendo que lúcida revelação terei tido, aos 20 anos, para me sentir no direito de fazer a rotunda do Marquês a pedalar! Mais! Na altura, o que me parecia lógico, era esgueirar-me entre a faixa da direita e a dos autocarros! Sem dúvida todos concordarão que era o trilho mais seguro!
Lá sobrevivi a umas quantas voltas ao Marquês em hora de ponta, até capitular e decidir que o melhor caminho era pelo passeio.
Se isto fosse um blog de petições, propunha já aqui, um abaixo assinado para reinstalar essa épica ciclovia Saldanha-Restauradores, que tantas e doces memórias trás…a quem?...a mim, só se for!...devia ser o único imbecil a tentar a proesa.
Aliás, o Kilimanjaro de bicicleta é um projecto que empalidece, perante a façanha do Marquês às 3 da tarde!
Segunda-feira, 15 de Dezembro de 2008
O projecto Ice Care começa por ser um ‘movimento da sociedade civil’ (como uma vez lhe chamaram numa reunião), de dois amigos que gostam de montanha, mas que sabem quase nada sobre alterações climáticas.
Rapidamente se provou que esta atitude, quase naif, era insustentável a longo prazo.
O Tiago Bettencourt pediu-me uma ‘aula’ sobre aquecimento global – e com toda a razão.
No outro dia encontrei o Zé Diogo Quintela (a.k.a. Gato Fedorento, a.k.a. Zé Carlos, a.k.a. Choca) na rua. Já nos conhecemos há uns anos e convidei-o para ser o 1º embaixador oficial do projecto Ice Care. Naturalmente fez-me algumas perguntas inteligentes, de quem dá o nome por uma causa.
- “Mas isso tá mesmo a acontecer? O clima tá sempre a mudar, não tá? Porque é que agora é diferente? É mesmo grave?”
- “E nós podemos fazer alguma coisa? Desligar os carregadores das fichas muda alguma coisa?”
Cepticismo perfeitamente lógico e saudável, comum à maioria das pessoas, como ele e como eu, que precisam de uma razão muuuuuuuito forte para abdicar do conforto do carro.
Nessa altura percebi que era urgente explicar o problema aos leigos (como ele e como eu…).
Fui documentar-me. Em Londres encontrei um livro excelente de Bill McGuire, chamado “7 years to change the planet”. Com base neste livro estou a preparar uma série de ppts de Q&As com os seguintes temas:
1. What is happening already?
2. Is it already too late?
3. What is Ice Care doing?
4. What can I do?
Enquanto preparo o ppt, ficam algumas ideias que podem ser já aplicadas:
. Comer menos carne! – fala-se muito dos carros e aviões, mas a indústria da carne é responsável por 12% das emissões globais de carbono, quase tanto como todos os carros, comboios, barcos e aviões juntos!
. Desligar da ficha equipamentos que não estão a ser usados faz diferença! – se todas as pessoas de UK desligassem os equipamentos que não estão a uso (TV, carregadores dos telefones e PCs), evitava-se a contrução de 2 ou 3, das 10 centrais nucleares actualmente planeadas!