Ice Care pretende mostrar ao mundo, em tempo real, os efeitos e consequências do aquecimento global. Foram escolhidos 5 glaciares que estão a ser dramaticamente afectados, com implicações para a sobrevivência das populações locais.
No final de uma subida suave, levantei-me do selim e olhei para trás. Um ponto côr de laranja em movimento destinguia-se com nitidez no fundo verde da paisagem. Era o Zé Maria com a sua camisola polar da TrangoWorld. Ele entretinha-se com o seu iPod (alimentado com a energia dos paineis solares portáteis Brunton), tendando abstrair-se das dores num ombro e num joelho. Eu queria cumprir o plano da etapa. Ele queria fazer uploads no portátil (Asus Eee Pc) dos filmes e fotos que fizemos. Ambos disfrutámos das planícies a perder de vista, extensas plantações de papoila (vermelha e rosa), de cânhamo (!?!) e de vinhêdos de Champagne. Mas o melhor nos foram os campos de trigo que forneceram o acolchoado perfeito para as noites sossegadas nas camas improvisadas sob o céu de estrelas (... e de nuvens). Ao fim de dia e meio a pedalar, o GPS (Garmin 60CSx) marcava 250 km acumulados (140 do segundo dia). O desnível acumulado (1300 metros) foi suave. Movemo-nos apenas entre os 80 e os 200 metros de altitude. Lá para o 5º dia temos que passar dos 300 aos 900 metros para passar as montanhas do Jura e entrar na Suiça !!!
Aproxima-se a data da nossa partida para a travessia de 600 km entre Paris e Interlaken (Suiça) a que se seguirá a travessia do glaciar Aletsch (o mais longo da Europa, onde o recuo dos gêlos se verifica flagrantemente). Urge estar em forma física e conhecer todo o equipamento cedido pelas marcas apoiantes. Como treino de preparação este tour pelo interior de Portugal revelou-se útil, embora este não fosse o único motivo para pedalar quase 1.000km. A divulgação do projecto Ice Care e cruzar o país para encontrar uma pessoa amiga em Chaves e entregar-lhe em mão o meu recente livro ‘Aventura ao Máximo’, também se contavam entre eles. Sim, revisitar uma pessoa que não via desde há muitos anos pareceu-me o melhor dos motivos para justificar aquele destino …
A 14 de Maio parti de Setúbal num ferry da manhã. Em Tróia comecei a pedalar, a pedalar, a pedalar, … por 8 dias sem parar! Entre 6 e 8 horas por dia. Até que cheguei … !!! Não sem alterar alguns planos iniciais: queria chegar ao Algarve, mas os caminhos municipais em mau estado exigiam mais tempo. Então, em vez de alcançar a barragem de Santa Clara comecei a derivar para sudeste por alturas de Ourique. Cheguei a Almodôvar e apenas espreitei a Ribeira de Vascão, antes de girar para norte e continuar por Mértola. Segui, depois, sempre junto à fronteira, passando junto de algumas das Aldeias Históricas e, a partir de Figueira de Castelo Rodrigo, pedalei directo a Chaves - o objectivo último (mais fotos em http://aventuraaomaximo.blogspot.com).
Seguramente mais 4 ou 5 pessoas seguirão o nosso site e blogs. O equipamento das marcas Berg, Silva, Gerber e TrangoWorld, tinha que ser testado em condições reais, ajustado e optimizado. A condição física e a logistica - uma semi-autonomia com etapas de duração superior a 100 km - tinha que ser comprovada. E foi! Deixo uma palavra de especial apreço aos Bombeiros de Portalegre e de Vila Flôr (respect. Sr. Alberto e Sr. Comandante), e ao Quim, dos Bombeiros de Idanha-a-Nova, grande fã do ciclismo, pela disponibilidade e apoio prestado.
Equipamento
TrangoWorld: roupa de montanha (polar e impermeável), mochila 'Mezak40', saco cama ‘Mountain TR 30’ e colchonete auto-insuflável ‘skin micro-lite’; Berg (bicicleta Torah 9.5, capacete Raden e acessórios); Dual Brand (bússola ‘Ranger3’ e frontal Silva, canivete multifunções Gerber).
Ainda me parece estranho receber equipamento dos meus apoios. Sinto que, para além de uma ideia porreira, ainda não fiz grande coisa para merecer. Tenho a certeza que quando estiver a gelar o rabo num dos 5 glaciares, o tradeoff vai parecer mais equilibrado.
O objectivo do ICE CARE é trazer o testemunho vivo do retrocesso dos glaciares, e tornar as alterações climáticas visíveis a todos, ‘beyond reasonable doubt’.
Para que isso seja possível, fomos obtendo o apoio de diversas marcas de equipamento de montanha e outdoor, aos quais prestamos a nossa eterna lealdade e agradecimento.
Desta vez foi a BERG (bicicletas e equipamento outdoor) que, através da SPORT ZONE, deu o seu apoio à causa ICE CARE, oferecendo bicicletas e capacetes!
No Domingo fui experimentar a minha bicicleta nova (depois de 12 km de corrida e 5 horas de regata no Sábado). Fiz só uma horita pela serra acima, mas deu para testar uma série de coisas.
Esta bicicleta – a Torah 9.5 – é consideravelmente melhor do que a minha anterior. A mudança mais baixa de subida nem cheguei a usar, talvez faça sentido no Kilimanjaro ou no Jungfrau, mas em Sintra não foi mesmo preciso. As pernas, a ‘máquina’ e a ‘caixa’ aguentaram bem…mas o meu rabo sofreu. Não consigo habituar-me aos celins, mesmo usando aqueles calções que têm uma espécie de penso higiénico a proteger. Sei que na montanha vai ser diferente – só o 1º dia é que custa. Na última vez que fiz montanha de bicicleta, no primeiro dia tive que atar o saco cama ao celin para conseguir sentar-me.
Obrigado BERG por acreditarem também no nosso projecto!
Fico feliz por ter uma bicicleta em condições….é tão difícil conseguir a ajuda do bicycle repair man!
Para entrar em contacto com os membros da equipa Ice Care, por favor escreva para:
José Maria Abecasis Soares
jas@gotv.pt
ou ligue para:
+351-91-821.56.94